É impressionante o quão previsíveis e hipócritas são a maioria dos representantes do povo, ou aqueles que tem a possibilidade de modificar questões diversas em nossa sociedade, mas que na verdade, só sabem se aproveitar de tragédias e momentos pertinentes para colocarem em prática tudo o que sabem a fim de manipularem a opinião da população. O que quero dizer, é que após o fato ocorrido em Realengo, no Rio de Janeiro, onde Wellington Menezes de Oliveira entrou numa escola e fez várias vítimas, novamente, as autoridades entraram em cena, utilizando-se da tragédia alheia para colocarem seus interesses em prática. Estou falando da nova campanha de Desarmamento confirmada pelo ministro José Eduardo Cardozo, que será realizada a partir do dia 6 de maio, e segundo o ministro, já estava sendo planejada para acontecer, porém, “Diante do ocorrido no Rio de Janeiro, resolvemos antecipar a campanha”, afirmou Cardozo. Na minha opinião, está mais do que claro o oportunismo dos interessados em promover tal campanha, valendo-se de um momento tão trágico para induzir as pessoas ao erro.
Aos que não se recordam, no dia 23 de Outubro de 2005, foi votado um referendo que visava a entrada em vigor do art. 35 do Estatuto do Desarmamento - "É proibida a comercialização de armas de fogo e munição em todo território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta lei" (Lei 10826/2003), com a seguinte pergunta: O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil ? Diante de tal pergunta, os brasileiros foram às urnas para votar contra ou a favor, e felizmente, a maioria decidiu que não, com 63,94% contra 36,06% dos votos, mantendo assim, a redação original da referida lei do dia 23/12/2003. Depois de serem derrotados com veemência nas urnas, os políticos adeptos do Desarmamento dos cidadãos de bem, puseram em prática uma campanha na qual as pessoas que entregaram armas foram recompensadas em determinada quantia de dinheiro. A campanha resultou no recolhimento de um bom número de armas, sendo que grande parte delas não deveriam nem ser chamadas de armas, tendo em vista o estado no qual se encontravam, velhas, enferrujadas, e sem funcionar, entregues por idosos, fazendeiros e outras pessoas interessadas somente em conseguir um pouco de dinheiro, mal se importando com a campanha.
A grande verdade, é que essa foi uma das poucas derrotas que políticos do Brasil tiveram da sociedade, e obviamente, não foi digerida, esperando momento oportuno para tentar convencer, o que eu chamo de manipular, induzir à população a voltar atrás de sua opinião, deixando-se levar pela influência imposta pela mídia, como já é de costume. Pois bem, eles acreditam que esse momento finalmente chegou, e farão de tudo que puderem com o intuito de aparecerem e, enfim, conseguirem aprovar uma proposta de lei ou um novo referendo de proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil. O Ministro Cardozo, teve a cara de pau de dizer em uma de suas últimas entrevistas, que ficou absolutamente claro que, quando se realiza essas campanhas, você tem uma redução na mortalidade muito forte, de 50%. De onde ele tirou essa estatística ? Redução de metade da mortalidade? Ele está mesmo falando do Brasil ou somente tirando sarro da nossa cara, taxando-nos como burros?
Respeito os que dizem ser a favor do desarmamento, mas nunca vou apoiá-los e sequer concordar com tal hipótese, pelo fato dos fundamentos serem péssimos, infundados, até porque para se conseguir porte de arma dentro das atuais normas, tem-se que passar por uma enorme burocracia, enfrentando diversos e difíceis exames práticos, psicotécnicos e psicológicos, suficientes para comprovação de este ou àquele cidadão estar apto, ou não, a portar uma arma de fogo. Os governantes enchem o peito de orgulho para dizerem que o Brasil é democrático, entretanto, houve um referendo e os cidadãos votaram contra o desarmamento e o que eles fazem? Respeitam? Não, jogam nossa opinião no lixo e tentam estruturar uma maneira de conseguir o que querem.
A redução da violência, vai muito além disso, não é por menos que boa parte dos países com os menores índices de mortes por armas e fogo, são os mesmos que permitem de maneira bem mais fácil e acessível que no Brasil, um cidadão ter sua arma. O criminoso não tem o trabalho de passar por todas essas etapas até conseguir sua arma, porque ele pode de forma fácil e econômica, adquirir qualquer uma que seja, ilegalmente, vinda das fronteiras desvigiadas, bem como dos desvios que acontecem nos quartéis. Vamos parar de ser HIPÓCRITAS, no maior confronto policial da história de nosso país (tomada de território no Complexo do Alemão), ficou claro o poder bélico dos marginais, armados de fuzis e granadas de uso exclusivo das forças armadas, e não de pistolas 380 e revólveres calibre 38, duas das poucas que podem ser adquiridas dentro da lei.
Tem-se de combater a causa e não o resultado, será tão complexo assim enxergar que quase tudo de ruim e violento repetido diariamente em nosso país, é fruto da medíocre educação e má administração, mais preocupada com a imagem que outros têm de nós, ao invés, de procurarem saber verdadeiramente o que o povo pensa? Acredito que não, simplesmente não vale a pena para os governantes e representantes do povo, uma população que saiba escolher seus próprios caminhos, não se deixandoinfluenciar por opiniões de artistas, jornalistas e políticos, pois assim, muitos desses não estariam onde estão. Peço que faça uma reflexão sobre o tema, e deixe sua opinião fundamentada e não influenciada por meio do seu comentário.
Obrigado e até a próxima.